domingo, 22 de maio de 2011

Minha estrada



Ando numa estrada com buracos e precipícios. É minha estrada. Bom seriam asfaltos e sinalizações. Mas, não seria minha estrada. O caminho que percorro não é mais fácil nem mais difícil, é o meu caminho. Nele sinto a terra, as poças d’águas em dias chuvosos. Não corro a 120 km por hora, mas pacientemente percebo cada árvore que passa, cada pássaro que voa rapidamente, cada borboleta semeadora. A poeira que deixo para trás faz com que eu me esqueça do que passou e olhe somente para frente. Minha estrada é simples, é primitiva, é singela, é ecologicamente correta.  Demorei a entender, sonhei com tantos caminhos diferentes, mas ela estava sempre ali me conduzindo a lugares incríveis. Experiências fantásticas foram vividas e muitas virão. Enfim, aprendi a percorrer meu caminho.  

Jacques Manz

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Eu acredito no amor

 


Eu acredito no amor. Não o amor que todo mundo acredita. Mas, eu acredito. Ele não é cor de rosa. E, nem traz somente a felicidade. Ele é um misto do que eu sonhei com o que eu repudio. Muitas pessoas estão sozinhas hoje por pensarem que o grande amor da sua vida nunca as fariam chorar ou sofrer. Aprendi a separar o amor da perfeição. Porque o amor vem de uma fonte de águas nada cristalinas, o ser humano. Altamente paradoxal, o amor vem de mim que sou imperfeito e por que este seria? E, por que esperar isso do outro? Quantas vezes já ouvi dizer que quem ama não trai. Não existe relação entre amor e traição. Eles não são nem diretamente nem inversamente proporcionais. Essa relação simplesmente não existe.  Não acredito num amor que segue regras, que se aprende num livro de auto-ajuda, ou sei lá onde. Ou se ama ou não, sem rituais, sem preparativos, sem comparações, sem lógica e não necessariamente ilógico. Também não acredito num amor unilateral, sem interesse, cego. O amor enxerga muito bem e, se não somos amados, em pouco tempo deixaremos de amar, porque a vida segue e não vou virar monge por isso. Algo de interessante deve ter na pessoa, beleza, inteligência, carisma, estabilidade, que proporcione segurança, alguém que o papo seja agradável, ou seja, aquilo que eu gosto de falar. Ele pode durar uma semana ou a vida toda. Por que separamos a paixão do amor? Como se a primeira fosse algo explosivo e passageiro e este fosse o equilibro e o eterno? É tudo a mesma coisa. Só que uma hora acontece de uma forma e outrora doutra. Viveremos uma vida inteira para descobrir que não acharemos o amor eterno, ou ao menos o eterno que imaginamos aquele que dura até que a morte separe. Pode ser eterno, mágico, lindo durante 5 minutos porquê não? Cabe a cada um eternizar o que acha merecedor. Eternizei todos os meus amores, e não foram poucos. Cada um de um jeito, cada um com um sentimento ou ressentimento. Sei ainda que irei amar, e errar, e chorar, e sorrir, e viver, e viajar e tirar fotos e colocar num site de relacionamento com a frase “você me completa” ou “meu dia é melhor com você” ou qualisuer dessas frases prontas que quando se ama ridiculamente não se percebem.
Tem alguma novidade no amor? Tudo se repete de forma bem previsível, muda-se apenas a intensidade. Seja da troca que se estabelece, do grau de afinidades e interesses e do tempo que se gasta na brincadeira. Certa feita disse: não existe amor de verdade, todos são de mentira e dura o tempo necessário para a mentira perder a graça. Não sei se mudo de idéia, mas adoro viver essa mentira seja por um dia seja por um ano, e eu não vou lembrar do passado, de tudo que vivi nas relações anteriores e o pior vou achar que cresci com minhas experiências anteriores. Até que receberei a rasteira ou darei e chorarei ou farei alguém chorar como se fosse à primeira vez. Visão pessimista do amor? Sou mal amado? Pode ser, mas esta não é uma receita. É a forma que vejo o amor e espero que você veja de forma diferente quem sabe saiamos da rotina carimbada do ciclo vicioso de amar, se frustrar, chorar, e amar de novo. Eu acredito no amor.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Santo eu



Santo Antônio
Santo do casamento
Rezo-te para aliançar-me
Clamo-te pelo tormento.
Cerra-te os ouvidos
Não castiga-me
Realizando meu xingamento
Santo Antônio
Santo do casamento
Rezo-te para livrar-me
Cala meu lamento
Abra-te os ouvidos
Não esqueça-me
Ao vento.
Santo eu
Rogo-me a mim
Elevo-me ao altar
Comando-me a mim
Venham me adorar
Seja feita minha vontade
Novena de meu querer
Sou dono do meu destino
Se caso ou me arruíno
Não sou fantoche do viver.


                                                      Jacques Manz

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Para: Não se fazer entendido



Esfera magna
Púlpito algoz
Câmara de estrelas
 Cometa feroz.
Apoteose celestial
Ladrão de anéis
Eclipse bestial
Rebaixo-me a teus pés.
Âmago da dor
É coração demente
Amargo de sabor
De saber ausente.
Transcendente clausura
Aboca-me numa esfinge
O que é, o que é...
Carcinoma de laringe
Canto com dor
Conspiração cadente
Sorriso de horror
Constelação incipiente
Quimera astuta
Você perfeita
Realidade fajuta
Você eleita
Deleita-te entre os astros
Sou o nono rebaixado
Faz-me asno
Ínfimo apaixonado.

                                                  Jacques Manz

domingo, 8 de maio de 2011

Resta Um

O tabuleiro não era tão grande assim, mas éramos muitos. Todos muito apertados, cara a cara. Todos como mesmo uniforme, até parecíamos do mesmo time. Então, começou a eliminação. Sem dó peça por peça ia desaparecendo. Até que duas peças chegam ao fim. Sim, éramos você e eu. Dentre tantos atores agora estávamos ali, sozinhos, um de frente para o outro. É minha vez de jogar e, desculpas, mas elimino você.
Certamente essa não era a primeira vez que eu estava jogando. Oh céus! Quantas vezes fui eliminado no começo do jogo, no meio e naquele momento mais cruel onde restam somente dois e, ainda assim, o jogo acabara de forma cruel.
O amor é um jogo de resta um e sempre sobrará o mais esperto. Aquele que elimina, que faz sofrer, que não se entrega facilmente. Aprendi no grande tabuleiro da vida que milhões de pessoas estão próximas, todas querem amar e ser amadas, contudo, um será o soberano. Num casal os componentes não amam de forma igual. Sempre haverá o que está por cima, ou seja, aquele que tem o poder, a chance de eliminar. E, conseqüentemente aquele que vai ser eliminado na última jogada, vai chorar e vai sofrer por ter ficado no quase.
Resta um...
Dessa vez eu reino.
Reino só no tabuleiro.

                                                                                                     Jacques Manz