sábado, 31 de julho de 2010

Comendo e Vomitando



Saboreei o amargo gosto da hipocrisia,
Degustei o ácido sabor da indiferença.
Eu não passava fome, disso você não sabia,
Por isso me alimentava de falsas esperanças.
Era comendo e vomitando,
Todos os pratos indigestos,
Era engolindo e engasgando,
Sem reclamar ou fazer protestos.

Comi suas palavras,
Vomitei mentiras.
Comi seu sorriso,
Vomitei lágrimas.
Comi seus afetos,
Vomitei desprezo.
Comi seus sonhos,
Vomitei pesadelos.
Comi seus planos,
Vomitei ilusão.
Comi seu amor,
Vomitei traição.
Se preciso for hoje passo fome,
Mas sei muito bem o que comer,
Pegue os vômitos põe num saco e some,
Ofereça a próxima vítima, pois agora sei o que é viver.

                                                                           Jacques Manz 


                                         

Estamos em que ERA?

A evolução não espera
Do artesanato à indústria se dera
A mudança que o intelectual não dissera
Liberdade, igualdade e fraternidade, bem eu quisera
A burguesia ascedendo, com a pobreza ela coopera
...hoje a informação acelera
A máquina quase sozinha é quem opera
Nos bancos a mesma já impera
A multidão de desempregado se desespera
Na Internet o bate papo da solidão me fizera
Viajar por todo canto da esfera
Chorar, sorrir com letras...quanta quimera
Até o legítimo português... já era...!
Caíram-se as barreiras, não como devera
É um novo momento, uma nova era
Vive-se a tecnosfera...
Tecnologia, ciência e informação um conjunto que prospera
Células tronco, clone, até o DNA a ciência altera
Na conquista do espaço o homem na Lua pusera
E a agricultura orgânica que protege e recupera...
Mas a conseqüência da tecnologia também é severa
O CO2 homem libera
Sendo uma ameaça à atmosfera
Pois na Antártida abri-se a cratera
E como conseqüência. o clima adultera
O inverno é verão, o outono é primavera
Mas não assinaram o protocolo também pudera
Pois a economia tudo supera
O mundo no caos, a ganância ainda gera
A desigualdade cruel, o sistema é como fera
Devora os excluídos, e a com a ignorância nasce a psicosfera
São os resultados da vaidade, pondo em risco a biosfera
A provável possibilidade de virarmos história... mera....
Era
Era
Era uma vez....um planeta chamado Terra!

                                                                                  Jacques Manz

Ai de mim...


Quem ser?
É mim..
Mim de quem?
Donde vim...

Cadê mim?
Oia eu aqui...
Aqui adonde?
Dento do bonde...

O bonde passô
Levô meu xodó
Num quero ficá
Assim na pió

Ai de mim
Ai de eu
Chego ao fim
Vorta yasmim...
                                                         
                                                                        Jacques Manz

Professor Palhaço


Com todo respeito a uma das profissões mais admiráveis, do meu ponto de vista, peço licença aos palhaços para uma breve analogia.  Acredito que, em algum momento da história um grande equívoco se deu. A troca das nomenclaturas, do professor e do palhaço. Deveria o professor se chamar palhaço, ou o palhaço se chamar professor? Vejamos...
Grandes coisas podemos aprender com os palhaços. Como diz a canção, ‘a farsa do palhaço é natural’. Aprendemos que, mesmo cortados em mil pedaços por dentro, fazer o outro rir pode ser um remédio para a cura interior.
Mas, lamento informar que a profissão cujas gargalhadas são mais intensas está noutro picadeiro, na sala de aula! Lá está o professor, vítima das mais complexas atrocidades sociais. Hoje tem marmelada? Vamos ri dos palhaços. Opa, dos professores!
“O professor brasileiro tem o terceiro pior salário do mundo, só não é pior que o do Peru e o da Indonésia. Segundo estudos, um professor brasileiro em início de carreira recebe, em média, menos de US$ 5.000 por ano [risadas da platéia]. No México e na Argentina, um mesmo profissional, ganha o dobro [ohhh!! O que me consta são também países em desenvolvimento]. Em países desenvolvidos, o salto é ainda maior. Na Alemanha, por exemplo, chega a US$ 30 mil e em Portugal atinge US$ 50 mil.”  [a platéia vai à delíriooooooo]! Na Bahia um professor da rede municipal ganha por 20 horas de trabalho (sem contar o tempo gasto com elaboração e correção de prova e demais trabalhos) cerca de 600 reais.
EHHHH... viva!!! Hoje tem goiabada? E o professor o que é?
No Brasil? Não é nada! Ainda que propagandas em horarário nobre venham dizer que é a profissão mais importânte que existe, ou ainda, convidando a população a serem palhaços, a serem articuladores do desânimo, do cansaço, do descaso, da falta de perspectiva e da ausência de motivação.
Mas, o espetáculo não acaba por aí. Pois, a platéia que ri dos palhaços é bem diversa: alunos, pais, políticos etc.
          Os números que evidenciam a violência contra os professores também são alarmantes. E quem se importa? Se a “professorinha, tem um filho para criar? Ou se ideologicamente ela está ali para contribuir com o crescimento de alguém? Quem se importa com a morte do palhaço regente que divide o quadro e o pincel com a falta de segurança, estrutura física ou com as drogas que estão cada vez mais inflitradas no ambiente escolar? No Distrito Federal seis professores são vítimas, a cada semana, de violência cometida por alunos ou ex-alunos.
        Imagino a vida sem graça, na ausência dos palhaços, imagino a vida sem nexo na ausência dos professores. O que seria desse país se os palhaços da educação não estivessem nas salas de aula?

                                                                                                                   Jacques Manz

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Lógica do Ser



Um padrão, tudo igual. Apedrejem os cabelos azuis. Quantos pensamentos maquiavélicos disfarçados no discurso: amai-vos uns aos outros...
Para ser, não há lógica, simplesmente o é. Cultura sem o respeito é ditadura. Que brotem da terra os judeus, os incas, os africanos, os guaranis e daí por diante.
Liberdade! Chega de fordismo. Não somos produtos feitos em série, uma massa sem identidade com o mesmo código de barra.
Somos café, leite, feijão, Maria, José, Aparecida e João. Careca, cabeludo, loiro ruivo, ou adaptado. Estou bem assim.
E quem passeará na escuridão da minha alma branca ou na transparência da minha alma negra?
Maria João...
João Maria...
A ordem de afeta?
Até quando sufocaremos a felicidade de outrem? E sua rica lógica condenará o meu humilde, único e ideal jeito de ser? Enforquem outro Tiradentes, queimem outra Joana D’ark, crucifiquem outro Jesus. Ainda não aprendemos o suficiente. O próximo sangue será o meu? Se ainda dessem cor ao obscuro caminho das ideologias impostas a ferro e fogo, a tronco e chibatadas!
Amor... Que ironia! Assim que puder te torturarei com minha crença, e você não dormirá a noite, sinta-se indigno...
Chega! O oriente médio é aqui. Homens bombas estão explodindo pela ideologia de alguém. Mulheres com burcas mascaram uma real situação...
E o ocidente queimará no mármore do inferno? Osamas no planalto matam de fome, de sede e de frio. Ninguém está vendo? Sangue Suga, furacões, pestes e catástrofes, aqui tem de tudo, ou quase tudo.
Alguém viu o respeito? Ainda bate um coração dentro desse peito?
E o ministério da humanidade adverte:
Discriminação, preconceito, faz mal a saúde...
...Física, mental, sexual, cultura, etc...etc...etc e tal.


                                                                                                              Jacques Manz


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Tentando não pensar...




Estou tentando não pensar! O planeta já está repleto de teorias. Filósofos, grandes pensadores, mentes brilhantes. A busca incansável do saber.  Não quero mais!
Conflitos epistemológicos tangenciam a evolução do conhecimento. A questão que inquieta é: Crescemos ou desenvolvemos? Ou ainda, o que é crescer ou desenvolver? Ou, que tipo de crescimento ou desenvolvimento satisfaria o homem em sua plenitude?
As divergências são gritantes, os teóricos se digladiam seus súditos eternizam o duelo, e o “neo” se transverte para (re) afirmar a genialidade de outrem.  Não estou satisfeito!
Amargo a decadência humana banhada a espumantes centenários e ideologias sutilmente e fatalmente persuasivas. O paradoxo intrigante me faz pensar em mudar de casa, mudar de país, mudar de planeta e buscar no “além” as respostas mais singelas e mais sábias. Sem palavras difíceis, sem cálculos astronômicos e sem construções faraônicas.
 Outro sistema econômico! Estou sufocado em meu consumo, ou pior, pela minha ausência de satisfação em consumir. Compre, vá, veja, troque, alugue. Chega de ordens! A modernidade ou quiçá a pós-modernidade alimenta uma tecnologia astuta e mais veloz que a luz. Mais veloz que meus pensamentos... Domina meus pensamentos.
Explicações que nada esclarecem, inferências que nada interferem, conclusões que nada concluem. Verdades de ontem, mentiras de hoje, um talvez de amanhã, e uma extinção para sempre.
 Caso seja eu mesmo constituído de corpo, alma e espírito algo está errado! As verdades da razão não aceitam o que há em mim de mais evoluído. E quanto mais me aproximo do “ser-capitalista” que foi inserido em mim com um chip ultra-mega-power com 4 Gb de memória e 500 de HD, hoje facilmente ultrapassado por uma nova configuração, mais me afasto do ser-humano que habitou em mim antes das revoluções, sejam estas de quaisquer espécies.
 Falar em paz é nadar no vácuo. Falar em amor é sensacionalismo. Falar no novo aparelho tecnológico é fascinante, faz brilhar meus olhos programados.
Chegamos tão longe! Uma viagem num poço profundo, quanto mais viajamos mais nos afundamos, mais longe estamos da luz e mais próximos estamos da lama. E mais difícil será o resgate com robôs supertreinados em salvar vidas. É o fim!
Estamos a cavar, desesperados, seja em busca de metais preciosos, seja em busca do ouro negro da discórdia, seja em busca da água final, seja em busca de soluções. Soluções? Mais teorias? Mais livros vendidos? Mais um “best seller” a engrandecer um gênio das letras e alimentar o gênio incontestável e perspicaz, o capitalismo.
O caos está instalado. O professor morreu de fome. E médico se enforcou, foi duro descobrir que não era o “deus”. O juiz ficou rico na corrupção e os políticos viraram estórias infantis como a do Pinóquio, sem o final feliz claro, e o mal governou o mundo.
As armas, as bombas, as ideologias tudo a mesma coisa. Explosões covardes e letais. Árvores artificiais, sorvete de essência, amor software, com manual em “mandarin”. 
Talvez uma saída da tecnologia! Uma máquina do tempo...
Quem saber reescrever a história ajustando os erros pudessem da conta do caos. Já estou a falar besteira, estou começando a pensar! E estou tentando não pensar! Pois este já desfigurou demais a espécie que quanto mais pensa, mais se autodestrói.

                                                                                Jacques Manz 






Amor de 360 graus



Hoje eu acordei confuso.
Os raios na fresta da janela
 refletem um ângulo obtuso.

O amor tem mais de 90 graus.
Não é reto, nem sistêmico,
É inconstante e gera o caos.

Assim é a desordem do amar,
bem semelhante a revolta do mar.
Acontece quando implosão no seu interior,
quebra parede, desmancha degraus,
rompendo e devastando os 90 graus.

Quero ser o eclipse lunar,
para a atrair sua atenção.
Quero ser o raio solar,
E te tocar na multidão.
Com as estrelas te faço um colar,
não mais brilhante que seu olhar.
Você é meu astro,
eu sou a menor partícula,
ao redor de ti quero girar.

Mesmo tão pequeno vou ensinar,
que o amor completo,
entre alegrias e caos alcança 360 graus.
Entre sorriso e lágrimas alcança grande dimensão...
...Corpo, alma e coração!


                                                                                                    Jacques Manz

Viva você

 

O sentimento de liberdade grita em meu peito.
A vida da conta de fazer o que jamais teria feito.
Até onde sou consciente dos atos?
Será loucura ou simplesmente fatos?
Complexados por um ser que buscou a perfeição,
Chegou ao ápice e provou o cálice da decepção,
Se rendendo a desejos outrora condenados,
Que agora sem reserva já não podem ser calados.

Então que gritem!Pois doloroso é o grito mudo.
E angustiante os pretextos surdos,
Que se declaram donos da verdade,
Mas, que no fundo minam a falsidade.
Explodindo uma sociedade moralista,
Que vende sua moral por qualquer tostão,
Onde a hipocrisia maquia a situação.

E agora querem me apedrejar?
Que atirem as pedras, mãos santas.
Pois, a dor é minha amiga como tantas,
Noites de lágrimas que me afogaram,
Mas, agora lava minha alma e preparam,
Meu espírito para viver intensamente.

Mesmo que o intenso caminhe lentamente,
Ou que dure segundos no infinito.
Mas, que sejam eterno e mais bonitos,
Que uma vida de amargura,
Para agradar quem cospe em sua sepultura.

E quem sabe não exista uma chave mestra,
E um segredo atrás da porta que expressa,
O significado da vida sem medo...
....viva depressa e morra cedo!!!!!!

                                                                                                        Jacques Manz


segunda-feira, 26 de julho de 2010

O clímax



Assustadoramente a espécie humana evolui. Será que evoluiu? Fugindo deste embate o fato é que, antes não tínhamos postura ereta, não usávamos com magnitude a massa encefálica e isso nos aproximava das outras espécies animais.
 Adquirimos postura, será? Ficamos mais racionais, será? Fugindo deste embate o fato é que, aprimoramos as técnicas, desenvolvemos a linguagem e a escrita, e nos afastamos das demais espécies.
Aprimoramos as técnicas, elas estão ao alcance de todos? Desenvolvemos a linguagem, será que falamos a mesma língua?
Conseqüentemente dominamos os irracionais, será?Transformamos o natural, tudo pelo bem estar, será? Fugindo deste embate o fato é que, agora o homem para impor suas ideologias domina a raça humana dita inferior, e o natural não mais existe, o desconforto é cada vez maior.
 Consolidamos o capitalismo, será? Somos globais, será? Fugindo deste embate, o fato é que, o capital desconsolidou os princípios de uma raça e nunca estivemos tão ilhados e em castelos tão inatingíveis.
Abolimos a escravidão, será? Elaboramos leis, será? Fugindo deste embate o fato é que, a escravidão mudou de nome, endereço e telefone, foi para os canaviais, para as carvoarias, para as “multi” “trans”, “exploration” nacionais. E as leis estão aí não para serem seguidas e sim interpretadas.
 Crescemos, será? Criamos o dia da consciência negra, parada gay, cotas pra fulano, beltrano, e bolsas, para a família, para o gato e para o burrinho que faleceu, será? Fugindo deste embate o fato é que, nossas diferenças precisam ser gritadas e lembradas todo ano senão são esquecidas, e o excluído, continua a se excluir.
Hoje, somos bilhões sugando o planeta, que de tanto futebol ficou do tamanho da bola do mesmo. A água está acabando, a mata está acabando, o solo está esgotando, a fauna está acabando, e o ar... Alguém viu o ar? Super, hiper, ultra aquecido, bombando para o verão... bomba? Invadam o Iraque, a Coréia, vixe, explodiu... Mais um sangue rega a terra da indiferença, rega um povo que briga pela terra ou pelo Deus. Deus que da ordem a presidentes, e presidentes que não sabem de nada. Saber de nada?
Bombardeiem o planalto, o senado, e todas as câmaras, secretas ou não, com dinheiro ou não, com navalhas, furacões, sanguessugas, com mensalão, este tão velho que nem mais lembrava, pois a medalha de ouro na piscina afogou o meu passado.
E a China se desenvolve, será? E a Europa se une, será? E os EUA se metem, e a raça humana chega a seu clímax. Fome, miséria, violência, escassez... Aproveitem os 15 minutos de fama, se virem nos trinta, pois dançar no gelo sei não...
A evolução conhece seu caminho de volta. Desordem e regresso, positivista ou não, marxista ou não, fenomenológico ou não, o fato é que, estamos vivendo a derrocada. A natureza celebra e agradece, e nós amarguramos o preço da postura ereta e da racionalidade que nos tornou centro de um universo que não nos quer mais.




  Jacques Manz

Lembrando de tentar não me esquecer!


E assim, eu fui tudo o que sempre quiseram que eu fosse. Não me reconhecia. Como era difícil ser eu mesmo. Dentro do peito havia uma necessidade maior, perdia-me em meus anseios e mal sabia que caminho tomara.
Questionava-me o certo e o errado, enquanto alguns diziam já está errado só em questionar. Era dúvida, fraqueza, falta de fé.
Sonhei ser eternamente seu amor. E o eterno enquanto dure nunca foi tão instantâneo. Eu era imperfeito demais para você, meus pecados imperdoáveis feriam sua bondade. Você me construiu assim. Era sua verdade contra minha simples vontade de ser eu mesmo.
Tão simples que eu já pouco me importava. E passei a vestir o personagem que criastes para mim. Nem era tão ruim assim - dizia meu eu reprimido na tentativa de ser perfeito para você - Mas como assim perfeito? Caso Deus na sua grande magnificência criou o ser humano perfeito? Como poderia você fazer de mim uma obra de arte infalível, admirada com emoção pela platéia que você insistia em exibir-me?
Até quando fugirei de mim? Serei tão capaz assim dessa interpretação? Encontro-me perdido em mim, bagunçado em minhas gavetas, atordoado em minha mesa com papéis velhos e amarelos, confuso no porão no qual me prendestes e já não consigo sair. Estou preso a você!
Preso a uma adoração, fruto da imaginação de uma alma fraca.
Só havia uma solução. Arrancar-te-ei do pedestal que eu também criei para você. Não me dobrarei às suas palavras sacrossantas e persuasivas. Seu altar caiu sobre sua cabeça e resta-te a cruz. Uma pesada cruz de madeira legítima. A saber, a dor de ver meu amor passar por ti sem ao menos reconhecestes.
Acho que estou me encontrando. Estou novamente percebendo minha face no espelho. Nossa! Tinha esquecido quão bonito era. Não é mais seu nome que carrego no pescoço. Meus olhos brilham com luz própria. Chega de cenas, gravações, personagens. Não sou o melhor, nem você o pior. Não sou bobo, nem você esperto. Não sou o mais sofrido e nem você um malfeitor. Não sou crente em você e nem você meu deus. Somos almas que em segundos a fio, numa história talvez milenar, apostaram na possibilidade de contornar erros também milenares. Objetivo atingido...
Até a próxima vida.

                                                                                                                          Jacques Manz




terça-feira, 20 de julho de 2010

Tempo

   Eu sou o Tempo. Tenho três fases: ontem, agora e amanhã... Há quem vive de passado, há quem vive esperando o outro dia e há quem vive o agora intenso! Sou cruel com os vaidosos fúteis, torturo os inseguros ansiosos e faço feliz aos que não me percebem! Quanto à mão forte e prepotente faço trêmula, à mão pequena e frágil eu dou vigor para conquistar! Já cantaram tempo, tempo, tempo, me exaltaram e até me fizeram pedido, mas eu dito as regras e todos as conhecem. Eu brilho na luz do sol, ilumino a lua, sou referência no delta T na física e até na chuva clamam tempo, ainda que ruim. Ah! Mas, não posso esquecer-me dos medrosos, os que se angustiam com o meu fim, que são bons para lucrarem com meu fim e o final dos tempos está chegando a todo o dia, para José, Maria, Antonia, Joaquim...

   Não tem acordo comigo, não sou Deus, não sou diabo... Ah, mas nisso acertastes, sou lindo, lindo, lindo, no braço da donzela, no livro da professora de história, nos sagrados escritos. Contudo, decorar minha trajetória é inútil, se ninguém aprendeu nada. As guerras continuam, a fome aumenta, os fanáticos se multiplicam, os deuses carne e osso comandam, e os súditos, carne e loucos obedecem. E ninguém aprendeu nada? E quem está chegando ao fim? Eu? Você? Quem acaba quando o outro tiver um ponto final? Ah, os dinossauros acabaram, [humor negro do tempo]! Eu sou o tempo, que você perdeu no atraso de ontem, na falta de perdão de anteontem e lendo-me agora. O muito que você gastou para errar e o curto que você gastou para se arrepender. Sou louco, sou lento, sou rápido, século passado e próximo milênio, não sou gênio, sou tempo. Sou a diferença do ouro e da prata, do primeiro e do segundo, sou segundos, e milésimos de segundos. E você... A lágrima de quem não fez? O choro desconsolado de não ter se dado conta que tudo tem o fim? A inquietude de não se conformar nunca? A demasia ou ausência de lembranças?

   Eu sou o tempo e você? O que vive a me esperar? O que corre atrás de mim? Ou o que me faz? A este último o começo, aos demais, tropeço.
   Eu sou o tempo...


Jacques Manz




Quem sou eu

  Nasci rimando meu choro com a vontade de viver. Nasci com lágrimas de campeão comemorando vitórias, nasci para vencer! A baianidade me deu o tempero “caliente” lançado num caldeirão cultural ao som do batuque do Olodum com a genialidade de Caetano.
  Mas, não sou gênio nem “caliente”, sou baiano. Sempre soube que para honrar minhas primeiras lágrimas e ser um vencedor precisaria estudar... Hoje sou formado em Geografia com mestrado em Meio Ambiente.
  Sou ariano, sou fogo e nunca brinque com fogo, pois, você pode se queimar. Feito de carinho e dengo... Eu sou constituído de amor. Não tenho problemas em dizer “te amo” para 10 pessoas no dia, pois, não soará falso. Chamo-me sensibilidade.
  Está tudo aqui dentro, fervilhando como larvas de um vulcão em erupção lançando poeira e cinza aos ares. Então, quando preciso gritar, eu grito! Amo música, sou amante dos filmes dramáticos e adoro a esbórnia, no melhor sentido da palavra. Viva à minha família, viva aos meus amigos, viva a tudo que sou, e obrigado a Deus pelo o que tenho.
  E por fim, morrerei rimando o adeus ao até breve, à vida eterna... E cantarei em espírito e poetizarei em verdade e viverei a plenitude de forma ainda mais real e mais concreta.