quarta-feira, 29 de junho de 2011

Plantando e colhendo


             Era uma pequena semente. Tão frágil que decidi guardá-la no fundo do quintal. Abri um buraco no chão e a coloquei. A semente que tu me destes na despedida dizendo: Tentei plantá-la em ti, mas és terra árida, guade-a e lembre de mim quando germinar.
            E, assim, você foi embora. Hoje surpreso no amanhecer, chorei. Ela cresceu, me destes a semente do amor e cada folha me faz lembrar você. Não espero que ela seja como o pé de feijão de João e me leve ao céu, desejo que ela cresça em sua direção só assim poderia te reencontrar.

Jacques Manz

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ajoelhado no milho...


Sabugo andarilho
debulhei-te para meu castigo
degustei do bolo
ajoelhado no milho.
Tornei-te vários
inimigos amarelos
Rezo ajoelhado
Completo meu flagelo
Sangra-me
projeto de araponguinha
Preparo-te a fogueira
aos montes serás pipoquinha.
Pula milho
Salta de alegria
 Puta do Filho
investa-te por magia.
Rezo de joelhos
Sangro de Joelhos
 alimento de ovelha
grão de centelha
queima-te eterno
no fogo do inverno. 

                                                  J
                                                               Jacques Manz









terça-feira, 21 de junho de 2011

Paradoxo




Claro, escuro
contrários
Reto, obtuso
adversários
Inferno, paraíso
imaginários
Doce e acerbo
avesso
Magma e gelo
acesos
Rock e Samba
lá, lá, BAMBA.

Amor e você
antagônicos
Eu e humor
irônicos
Você e eu
Platônico...

                     Jacques Manz



domingo, 19 de junho de 2011

Fada cangaceira...

Castelos de pau a pique
Água de cacimba
Conto nordestino
Jardins de caatinga.

Príncipe no jeguinho
Sopa de palmas
Bravo sertanejo
Alimenta tua alma.

Rega o solo seco
Com lágrimas cristalinas
Coloca pedras de gelo
No sol que arruína.
Fada cangaceira
Alarga-te o sorriso
Desdentado Agripina
Rosto enrugado
Heroína, heroína...

E foram felizes para sempre?

                                                   Jacques Manz

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Game over




Quando parque,
Usastes...
Quanta diversão!
Eu, roda gigante,
Girava sem rumo,
Desconsertado sem prumo.

Quando circo,
Ristes...
Gargalhadas em explosão!
Eu, palhaço,
Mantinha o sorriso letal,
Enquanto a farsa era natural.

Quando teatro,
Admirastes...
Olhos de cobiça-tentação!
Eu, ator-cenário,
Rindo pra não chorar,
Entregue a ficção, fingindo não amar.

Quando jogo virtual
Perdestes...
Cara de decepção!
Eu, hacker do amor,
Desprogramando o que se vê,
Game Over pra você.

                                       Jacques Manz




quarta-feira, 15 de junho de 2011

AGRADECIMENTOS



É com muita emoção que vos apresento essa figura. Eu que aqui sempre expressei meus sentimentos e me deliciei com alguns poucos comentários, tive uma grande surpresa. Ontem resolvi utilizar a ferramenta estatística do blog, onde é apresentado as vizualizações (diárias, semanais, mensais e desde a criação do blog) tanto nacionais, quanto mundiais. E meus olhos se encheram de lágrimas ao me deparar com esses resultados. Eu estava sendo lido. Não era uma voz que clamava no deserto. Estou sendo acompanhado por você leitor. Então, quero agradecer aos meus amigos do Brasil e do mundo, e também àqueles que eu não conheço, que eu não sei o nome e nunca vi a face, mas que agora eu sei que existem. Saibam que sou profundamente grato por fazer de alguma forma parte de suas vidas.

                                                                Jacques Manz


Cozido...




Linha e agulha
Batata cosida
Água e fagulha
Roupa cozida
Costuro vegetais
Cozinho roupas
Pontos de cruz naturais
Ensopado de tocas
Ligo-me a batata
Desligo-me das roupas
Nu sobre a terra
Tubérculo de força
Eis que sustento o corpo
Batata da perna
Capa me cobre torto
Debaixo da caverna
Se batata
Frita
Se batata
 Purê
Costuro minha vida
Para o tempo não cozer.

                                                     Jacques Manz

Boneca de trapo



Rasga-me à roupa, pois me deixastes aos trapos. Eu que um dia fui boneca fina, virei fantoche e, hoje sou remendada como a Emília. Cada recorte, cada retalho, representa a soma dos pedaços deixados pela destruição de suas mãos. Perdi alguns pedaços de mim, hoje não tenho coração. Para que fosse possível a reconstituição, pedaços foram costurados em pontos errados, sinto-me um Franksten. Meu pulmão está nos rins, hoje não sinto seu perfume, ele é filtrado e excretado. Meu estômago hoje é fígado, tudo que alimentei de você, deu-me de herança uma cirrose hepática.  Minha mente está no intestino delgado, você é tudo que lembro e você está na merda. Minhas mãos são pés, chuto-te num abraço. Um trapo, feito de restos, de farrapos. Agora, largada aqui nesta loja de brinquedos velhos, vejo a vida passar. Todos os dias são lançadas milhares de bonecas. Quem se lembrará de uma boneca de pano? Certo domingo passou na loja uma moça. Não era bonita. Entrou na loja chorando, prestes a se tornar uma boneca de trapo. Ela pegou-me e disse:
- Nossa, como você é feia!
Uma lágrima caiu dos seus olhos vermelhos e completou.
- Mas, você é diferente. Gostei de você.
Ela comprou-me com poucas moedas. Colocou-me nome, a saber, Amor. Deu-me banho, sequei por horas no varal pendurada pelos cabelos. Colocou-me num vestido rosa lindo, igual aos das princesas. Ela dorme comigo todos os dias, bem agarradinha. Sempre me dá um beijo de boa noite...

Ter o amor por perto é uma questão de escolha. Algumas pessoas optam por maltratá-lo e deixá-lo num canto pegando mofo.  Outras pessoas, aquelas que não se importam com as aparências, e que sabem o sentido de amar, zelam, cuidam e tornam o amor o centro das atenções.
Quantas bonecas de retalho tu já produzistes? E quantas bonecas de pano tu já recuperastes?
Hoje sou casada com ela. E, eu “Amor” e ela “Dedicação” andamos sempre juntas.


Jacques Manz

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Embriagado




 Um gole de vinho
Numa taça de coragem
Amores secos
Sentimento branco
Insosso
Desejo tinto
Espumante
Embriago-me
Bebo-te
Engasgo-me

                                                      Jacques Manz

Quase existi...


Plantei mas não colhi
Seca que me devastou
Brotei mas não flori
Calor que me desfigurou
Chorei mas não sorri
Lágrima que regou
 Sonhei mas não vivi
Realidade que me privou
Quase existi...

                    Jacques Manz