quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cavaleiro medieval matrix



Uma tela
Um mix
Cenário medieval
um cavaleiro matrix.
Contraste abrupto
Junção ideal
meu lado bruto
paisagem fenomenal.
Passeio no tempo
Passeio nas ruas
Passeio em pensamento
Leva-me tempo
Resgata-me passado
Lava-me vento frio
Exalto-me calado.
Um sonho acordado
Uma viagem fictícia
Em concretos armados
Longe das malícias
Das minhas
Das alheias
Das forateiras
Das fronteiras
O mundo por inteiro
Eu inteiro no mundo
Verdade ou ilusão acredites
Não estou demarcado
Estou sem limites.


     Jacques Manz

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Lago doce lago


(Lago de Biel)

Grande lago
lago encantado
Largo-me a flutuar
num sorriso largo e doce
numa voz tranquila
lago doce
entre patos e segredos.
Lagoa mágica
de sotaque carioca
Riacho doce
de árvores verdes
imóveis
de chips telemóveis
e números secretos.
Rouba-me
leve-me os  beijos
leva-me os pensamentos
deságua em minh'alma
alma doce
doce como o lago
doce como a tarde
doce como o beijo
doce como a vida.

                                                 Jacques Manz 





domingo, 26 de setembro de 2010

Estranho sentimento



Não sei explicar
um sentimento confuso.
Algo magnético
um imã poderoso.
Forte atração por Zurich.
Caminhava pelas lindas ruas
e pensava nele.
Ele caminhava aqui,
ele tomava café ali.
Uma cidade tão inédita
e tão familiar.
Ele nascera ali
e talvez morrera ali.
Como eu quero acreditar
que ele está vivo...
Zurich
Parte de mim
Parte que não sei
Parte que imaginei
Sonharei com você...
Passando sobre os trilhos
Sentado numa estação
Esperando o inverno chegar.

                                              Jacques Manz

sábado, 25 de setembro de 2010

Eu posso



Falaram não...
Eu disse: aguarde
Falaram você não consegue
Eu disse: espere
Falaram vai ser difícil
Eu disse: e daí?
Falaram você vai sofrer
Eu disse: que venha o sofrimento
Falaram você é doido
Eu disse: eu sou maluco
Falaram não largue isso
Eu disse: se desprenda
Falaram e se der errado?
Eu disse: aprenderei com o erro
Falaram você pode quebrar a cara
Eu disse: eu faço plástica
Disseram ta na hora de parar
Eu disse: é hora de recomeçar
Falaram você não pode voar
Eu disse: Eu corro sobre as núvens
Falaram como você é volúvio 
Eu plagiei: Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha onpião formada sobre tudo.

                                       Jacques Manz

Viver é um verbo e verbo é  a palavra que expressa processos, ação, estado, mudança de estado...



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lamento



Meu caminho é estreito,
Imperfeito.
Meu andar é cansado,
Enfado.
Meu correr é lento,
Lamento.
Minha estrada é triste,
Existe.
Meu sorriso é belo,
Flagelo.
Minha lágrima doce,
Que fosse.
Minha expressão é vã,
Vilã.
Meu ato inconseqüente,
Doente.
Meu pensar é puro,
No escuro,
Meu agir é fútil,
Inútil.
Minhas lembranças são dores,
Sem cores.
Meu futuro de sorte,
A morte.

A morte doente existe,
Sem cores, vilã lamento,
Inútil que fosse o enfado,
                                                            No escuro flagelo imperfeito.

                                                                                                      Jacques Manz

confusos horarios

Chegada em Portugal

Algo está estranho. Dormir as 00:00 h, acordei as 10:00 h mas, dormir apenas 6 horas. Confusos horários. Confunde-me mais que o italiano tagarela vizinho de poltrona. Enfim, oceano atlântico cruzado. O colono na terra do colonizador. Algumas centenas de anos depois. Agora com apenas 8 horas de duração, pelos ares. Do alto vejo as casas arrumadas de telhados perfeitinhos. Procuro as favelas, procuro, procuro. Terra firme! Com o pé direito piso na terra que tanto explorou meu Brasil. E logo veio a exploração: 10 euros por uma água com gás, uma coca-cola e um sanduíche mais ou menos. Detalhe, pedi de presunto me veio bacon e cru (isso que dá matar aula de espanhol).
Algo familiar na área. As brincadeiras, o sorriso, temos mesmo algo daqui. Pelo menos a primeira impressão. Próxima parada, Zurich

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Homenagem de Heyder para Jacques

É muito complicado escrever para quem possui tanta facilidade de brincar com as palavras, mas tentarei, enfim, apenas expressarei meus sentimentos da maneira mais simples e sincera. Na nossa crença, nada acontece por acaso, e convicto disso sei que o Criador o colocou em minha vida com um objetivo, nem sempre esses objetivos são bons, às vezes servem para aprendermos pela dor, pelo sofrimento, mas sua amizade é o oposto. Alegria, brincadeiras, piadas, diversão, estar ao seu lado nos remete realmente a infância, a pureza que chamamos de lentidão, mas você é assim, esse ser contagiante, único como todos os outros, porém com características marcantes que apenas os bons de coração possuem. Na vida temos algumas perdas que nos faz sofrer e questionar o sentido, mas não cabe a nós discutir isso, passamos por situações difíceis e aprendizados que levaremos por todas as nossas vidas posteriores, no seu caso será diferente, pois terei uma perda feliz tendo em vista que será o melhor pra você, será um crescimento fantástico pra você enquanto ser humano e isso me deixa muito feliz mesmo sabendo que não teremos o mesmo contato físico que tínhamos. Tenho muito a te agradecer, por tudo que você foi, é e ainda será em minha vida, e tenho certeza que na vida dos demais também. Deus nos deu você de presente e por conta disso devemos todo dia agradecer, além orar para que você esteja sempre bem e volte para o nosso convívio para que tudo seja como antes, visto que o que nosso grupo, ou melhor, nossa “família” plantou, jamais terá um fim. Por falar em família, você é um irmão que escolhi ter, sendo assim o carinho incondicional. Siga seu rumo, cresça, evolua, mostre seu valor também fora do nosso país, mais pessoas e culturas merecem conhecer esse ser humano fantástico que você é, estarei sempre torcendo, orando e feliz com sua felicidade, conte sempre comigo, uma boa viagem e tudo de melhor pra você que realmente merece. Te amo meu irmão, que Deus o proteja, beijos.


terça-feira, 21 de setembro de 2010

O velho e o novo



O desconhecido pode assustar. A possibilidade de começar do zero pode ser desestimulante. A despedida pode ser cruel. A ausência de palavras pode ser frustrante. O novo pode ser estranho.
O habitual pode ser monótono. Trilhar eternamente o mesmo caminho pode ser enfadonho. O estar sempre junto pode evitar a saudade. Ter sempre palavras pode permitir nunca se surpreender. O velho pode ser cansativo.
O velho e o novo!
O desconhecido pode maravilhar. A possibilidade de começar do zero pode proporcionar novos horizontes. A despedida pode ser a chance de perceber o valor. A ausência de palavras pode ser fruto da sabedoria. O novo pode fascinar.
O habitual pode ser familiar. Trilhar o mesmo caminho pode ser se especializar. O estar sempre junto garante a cumplicidade. Ter sempre palavras pode garantir firmeza. O velho pode extasiar.
O velho e o novo!
Um jovem experiente. Um ancião tosco.
Viver é um clico de coisas novas e velhas. 
Logo, bom e o ruim vai depender do ângulo que você escolher para ver e viver a vida.

                                                                                                                     Jacques Manz

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A última dança




Uma caixa escura,
E o som transcende o concreto,
Somos vários, únicos e secretos.
O brilho dos olhos convida,
A timidez do sorriso recusa,
O impulso dos seus lábios me convence,
Somos vários, únicos e eminentes
Os corpos se misturam,
Eu sou você por minutos alados,
Somos vários, únicos e variegados.
Você nos meus braços,
Rostos colados,
Somos vários, únicos e entrelaçados.
Nó perfeito e forte
Estamos bem amarrados,
Somos vários, únicos e exagerados.
Pés confusos trocam os passos,
Mas não perdem o entusiasmo
Somos vários, únicos e interessados.
No beijo acaso do destino,
Utópico, pois na caixinha de música,
Somos dois bailarinos.

Jacques Manz

domingo, 19 de setembro de 2010

Ciclo



Quem tenta na hora de parar
Está aumentando a chance de frustração
Tudo tem um fim, e é preciso que isso seja respeitado
Não adianta usar a força
Prolongar o fim é multiplicar dores
É colecionar desgostos
É se mutilar em nome da persistência.
Só se persiste até a hora de parar.
Quem ultrapassa esse momento
Conhecerá os "ais' do lamento
O caos do tormento.
O fim não é tão perverso
Ele nos aponta a possibilidade
De começar uma nova história
Conhecer dias de glória
Até que o fim chegue novamente
Num ciclo o fim e o início são vizinhos
Só se começa o novo quando o velho acabou...
Acabou.

                                     Jacques Manz

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Minto o que sinto




Lento parando
Vento levando
Parado no tempo
Vento lento
Brisa de lamento.

Minto que sinto
Sinto ciúme
Urge faminto
Prato de estrume.

Sinto-me lento
Vento de ciúme
Parado faminto
Prato de lamento

Lento ciúme
Vento que sinto
Prato do tempo
Parado no lamento
Na verdade que minto.

                                           Jacques Manz

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Vale tudo na oca




Quem manda na oca?
A mim não manda
O som quem toca?
A mim comanda.

Quem manda comanda?
Minha cabeça oca
A mim debanda
De banda ao som que toca.

Roça, roça na oca
Torrando mandioca
Cabeça oca torrada
Made in oca
Farinha boa na toca.

Taca mandioca na oca
Cabeça oca vermelha
Singelo trabalho de minhoca
Minha oca de centelha
Todo mundo dança o que toca
Vale de tudo na oca.

                                              Jacques Manz

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Periquito



Pássaro verde
Quase não falas
Olhas a mim de lado
Por que ficastes calado?

Pássaro “malino”
Tem cara de menino
Passeia por dedo alheio
Quando pousares em mim
Pisarás no freio.

Pássaro, passarinho
Passarás como todos
Arrepender-te-á como vários
 Não terás mais atalhos
Sem mim e sem céu
Cantarás solitário.

Pássaro de dentes
Até índio tem suas penas
Eu tenho pena “paquito”
De um talvez periquito.
  
                                          Jacques Manz




terça-feira, 14 de setembro de 2010

GAME OVER


Quando parque,
Usastes...
Quanta diversão!
Eu, roda gigante,
Girava sem rumo,
Desconsertado sem prumo.

Quando circo,
Ristes...
Gargalhadas em explosão!
Eu, palhaço,
Mantinha o sorriso letal,
Enquanto a farsa era natural.

Quando teatro,
Admirastes...
Olhos de cobiça-tentação!
Eu, ator-cenário,
Rindo pra não chorar,
Entregue a ficção, fingindo não amar.

Quando jogo virtual
Perdestes...
Cara de decepção!
Eu, hacker do amor,
Desprogramando o que se vê,
Game Over pra você.
                                                                   Jacques Manz


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Remando



Remo rumo ao nada
Tropeçando em meus pés descalços
Calejados de amor
Ferida que machuca, calos de dor.

Não me calo em pensamentos
Boca calada, sabor amargo
Do nada remo meu rumo
Mãos atadas, nó inoportuno.

Nós entrelaçados cegos
Cegos somos nós entrelaçados
Parei de seguir o caminho
Amarrado a ti definho.

Dissolvo-me como o sal na água
Dissolvo-me em lágrimas
Desfazendo-me como o cair do dia
Tudo escuro sou melancolia.

Melodia confusa
Surdo, a ninguém escuto
Nossa música parada
Não mais toca, arranhada...

A vida e a teia da aranha
Caído la estou imóvel
Decifro-te e me devoras
Deixo-te vou indo embora.
 
                                              Jacques Manz

domingo, 12 de setembro de 2010

Dia do SEM

Buscando palavras
Elas raramente fogem de mim
Estão sempre a saltar
Escondem-se somente quando me perco.

Permiti me perder
Permiti a ausência das palavras
Dificilmente acordo assim
De mal com as letras.

E, assim vou de mal a pior
Os piores dias são estes
Quando sinto-me só
Sem meus agrupamentos perfeitos.

Sinto-me analfabeto
Incrédulo
Insensível
Menos humano.

Voltarei ao meu caldeirão
Tomarei sopa de letrinhas
Volto a solidão
No dia do SEM
                   [sem inspiração!

                                                     Jacques Manz

sábado, 11 de setembro de 2010

Davi vida



Meu pequeno risonho
eu distante tristonho
você traquina
no seu cavalinho
meu príncipe
vermelhinho.
Meu branquinho arteiro
cavalgando sorrateiro
deu-me a vida
a vida deu-me Davi.
Salvador Dalí
sonharia com essa tela
tortinho segurando pelas orelhas
branquinho como uma ovelha.
Meu dindo de alma
trouxestes a paz que acalma
a alegria que dispara
num cavalo para a vitória
Te resumiria na glória
De meu Deus perfeito que te criastes
Jesus Filho de Davi
deu-me a vida
Deu-me Davi.


                                                                                                  Jacques Manz

Um fraco em um Forte




Eu que pensei
Em chegar triunfante
Afundei-me na vala
Caos interno, um buraco gigante.
Do tamanho da minha loucura
e do meu fazer.
Faço o que não quero
Fujo do prazer.
Eu, tão fraco,
Preso num forte,
Preso num olhar hipnotizante
Numa praia de amantes
Em minha covardia
Em noites de folia
E num adeus vazio
Numa despedida morta
de vontade torta.
Grita GPS louco!
Ordene que eu faça o retorno
Veja coração cego!
Perceba em seu entorno
Em sua sexualidade definida
A libido abatida
A batida perfeita
Acontece com iguais
A noite perfeita
Com atos imorais,
"e eu ia lhe chamar
Enquanto corria a barca"
Te chamar...
Chama
Queima
Apague meu fogo
Fulmina-me com seu olhar
Eu ja te despi com o meu
Numa dança da chuva
Com o índio teu
Indio quer fazer fumaça
Sorrir, me pirraça
Eu fraco em um Forte
Você até não sei
       boa sorte!

                                                  Jacques Manz

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Partindo...



Partindo
Parte indo
Parte ficando
Minhas partes
Filho da P-arte
Em parte
Minha arte
Arte de amar
Quem não ama não faz arte
A arte é o toque do amor
No mais oculto de um ser
Partindo
Parte sorrindo
Parte chorando
Choro à parte
Choro de start
Começar é duro
Persistir é ser marte
Quem desistiu não viu
A mulher que pariu
Parir é arte
Parir é o toque do amor
Transformando a mulher em deusa
Parir é uma apoteose da natureza
A dor do parto me faz sorrir
Preciso partir.

                                                                                                    Jacques Manz

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Quero te surpreender





Parta meu coração em bandas
Assim, como fizeste no mar.
Faz arder uma fornalha em mim
E passeia comigo, amado.
O que direi a ti
Quando nossos olhares se cruzarem no acaso?
Eu...
Surpreso...
Como te surpreender?
Não posso parar o sol,
Nem acalmar a tempestade.
Mas, irei parar as batidas do meu coração
Por um segundo...
Ter meus sentidos arrebatados,
E sonhar com sua face.
Eu, pequeno, simples diante de ti.
Era para te surpreender...
Contudo, essa possibilidade me deixa MAIS que perplexo.
Que voltem os sentidos...
Deixa-me pensar um pouco mais.
Parta meu coração em bandas
Assim, como a mulher e o vaso,
Faz exalar de mim,
O seu perfume preferido
Aquele que usas às seis horas,
E, passeia comigo amado.
Não esconderei meus pecados,
E nem me ocultarei por conta deles,
Mas, me constrange na virada do dia.
A flor que tapa minha vergonha te dou,
E ficarei aberto assim como no princípio.
Vomitarei o fruto proibido,
Quero estar puro aos seus olhos.
Fincarei meus pulsos no madeiro
Para sentir um pouco de sua dor,
Enxugarei seu sangue no Getsêmani
Não dormirei, só para te surpreender...
Repudio as moedas de pratas,
Quero roubar sua atenção,
Eu, ladrão, diante de ti,
Só para ouvir de sua boca,
Hoje mesmo estarás ao meu lado no paraíso.
Parta meu coração em banda,
Pois ele bombeia uma nova canção,
Melodia perfeita que ecoa...
Quero te surpreender.

                                                                                                 Jacques Manz
                                                                             (com carinho para o mestre Jesus)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Independência ou Morte!!!!!!!!!!!!

             Para refletirmos um pouco sobre alguns aspectos que tangenciam a realidade atual brasileira sugiro a re-leitura do texto postado no dia 03 de Agosto de 2010.

http://jacques-manz.blogspot.com/2010/08/independencia-ou-morte.html      

                                                         Acordaaaaa BRASILLLL

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Minha Gueixa



Pintar-te-ei numa tela
Serás a melhor composição
Colorindo seu sorriso
                     [em harmonia
                        [com a melodia
Retrato perfeito da canção.

Desenhar-te-ei numa nuvem
Serás a melhor escultura
Rabiscarei seu olhar de mel
                 [congruente
Sua forma e minha mente
Artesanato vivo no céu

Escrever-te-ei no papel
Serás a melhor coreografia
Rimarei sua delicadeza
              [com passos firme
     [com beleza
Dança em verso, poesia

És arte, és ciência
Colocar-te-ei no meu altar
Devoto a ti na arte
Devoro a ti com consciência
Santifico-te eternamente, na razão
De que terás minha gueixa
Todos os dias minha adoração.


                                                Jacques Manz


domingo, 5 de setembro de 2010

Isa


De onde viestes?
Quem te deu esse poder?
Enfeitiça-me a mim
Viciado em te querer

Quando você aparece
Meu sofrimento aminiza
Sua angustiante ausência
Torna em tempestade a leve brisa
                                          [ isa
De onde vistes?
Quem te deu esse poder?
Sua existência em mim
Minha força pra vencer
Preciso de você agora
Olho no olho pela primeira vez
Realiza meu desejo
Torna verão o inverno que se fez

De onde viestes?
Quem te deu esse poder?
Em qual vida nos cruzamos?
Retornemos lá pra ver

Bico mais lindo do mundo
Verdade como essa não há
Pensa em mim e apareço
Num segundo risonho pra sempre te amar
                                                    [isa

                                                                    Jacques Manz








sábado, 4 de setembro de 2010

Meu velhinho



Meu velhinho
Sonha pescando no sofá
Pescador de solidão
Onde ficou seu lar?

Onde estão teus filhos?
Das noites não dormidas e da educação
Coloquem o velhinho no milho
Jovens amantes da ingratidão.

Serás velho um dia meu jovem
Em sua cara enrugada
Ficará a fragilidade da vida
Não desejo que chores só na madrugada
Nem o abandono da família um dia tida.

Cabelos brancos
Sorriso sem dentes
Amor manco
Parentesco decadente.

Meu velhinho
Morrera solitário no sofá
Sonhando a visita que não veio
Partido o coração ao meio
Filhos! Agora é tarde demais
Bom velhinho, descanse em paz.

                                                       Jacques Manz

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Anjo da Guarda




Lembro-me perfeitamente a primeira vez que o senti. Eu passava por uma situação de risco. Estava numa agência bancária, quando começou um tiroteio. Então senti sua luz me envolver e percebi claramente sua fisionomia. Naquele dia não entendi absolutamente nada. Mas, sei que ele salvou-me a vida, era meu anjo da guarda.
Depois daquele episódio o vi mais vezes. Até conversamos numa dessas. Como ele é lindo. Aparecia-me sempre com uma roupa de linho amarelada. É negro como a noite, mais ou menos 2 metros de altura, boca grande e vermelha. Seus cabelos são lindos trançados com fios de ouro.
            O que farei? Qual será minha saída? Aos 32 anos, jornalista formada sentia-me totalmente dependente dele. Ficava ansiosa esperando sua aparição. Não podia mais enganar-me. Estava apaixonada pelo meu anjo.
            Ele se chama Frodo e já deve ter percebido tudo, por isso desapareceu. Fiquei sufocada, perdida, enlouqueci. Eu já ouvi falar em filmes que o anjo da guarda se apaixonou pela pessoa a quem protegia e conversou com um superior que permitiu que ele virasse humano. Mas, o que poderia fazer? A quem  poderia recorrer? Alguém pode me transformar em anjo?
Meus dias foram passando como um trabalho árduo. Já não trabalhava, não estudava, não conseguia sair do quarto. Amargava minha tristeza com a falta de saída.
Durante aproximadamente 2 meses fiquei internada num sanatório. A princípio meus familiares achavam que se tratava de depressão. Depois decretaram minha “loucura”. Assim dizia meu pai em baixo tom nas madrugadas.
- Ela está louca. Como pode dizer que conversava com o anjo da guarda? E que se apaixonara por ele? E agora quer virar “anja”? Internemo-la enquanto a tempo.
            Lembro-me também da noite de outono em que planejei meu suicídio. Estava desesperada, tremia muito e gritava pelo nome de Frodo.
            Depois do suicídio foi terrível. Sofri muito, durante muitos anos, passeava na escuridão clamando por Frodo. Até que décadas depois fui resgatada. Passei por todo um processo de recuperação até que cheguei numa colônia onde voltei a ver o Frodo.
            Esqueci automaticamente de todo o sofrimento. O amor que nutria por ele saltou nos meus olhos e sentia-me feliz em vê-lo.
- Você está pronta, disse a mim sorrindo.
- Pronta pra que? Perguntei
- Para voltar a terra.
- Mas, eu não quero voltar a terra. Quero ficar aqui com você.
Então, Frodo explicou que era meu mentor espiritual. E, que nós tínhamos uma ligação de vidas passadas. Eu era uma jovem adolescente louca pela vida e feliz com minhas curtições. Até que engravidei e vi na gravidez o fim da minha vida sem limites. Foi quando resolvi abortar. O Frodo havia sofrido muito com o aborto e com a possibilidade de ter sua missão interrompida por mim. Então, ele seria para mim eternamente um amor proibido.
A última coisa que ouvi da boca de Frodo foi:
- Hoje eu te amo muito. E te quero muito bem. Você vai voltar a terra e gritar para o mundo que não tem erro maior que interromper a vida, seja de alguém, seja a sua própria. Serás nessa vida uma renomada obstetra.
Ele acariciou-me os cabelos e disse:
- O amor nunca foi um erro e nunca será o motivo para se errar.

                                                                                    Jacques Manz


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Conjugação



Eu faço
Tu esqueces
Nós tentamos
Eu amo
Tu enganas
Nós brigamos
Eu cuido
Tu relaxas
Nós acabamos
Eu sofro
Tu choras
Nós pensamos
Eu sumo
Tu mudas
Nós voltamos
Eu beijo
Tu flutuas
Nós amamos


                                                               Jacques Manz

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Teto de Tetas




Caco de telha
Telhado
Mel de abelha
Molhado
Doce chuva de afeto
Cai, rega meu teto.

Teto de lona
Rasgado
Teto de vidro
Quebrado
Pedra lançada
Teto protege a amada

Teto de tetas
Mamada
Cobre-me de tetas
Amada
Mel das tetas, perfeito
Leite empedrado no peito.

Cubra-me com seu telhado
Falhado
Eu guardado nos seios
No meio
Amando e mamando
Acordado e sonhando.

                                                      Jacques Manz