quinta-feira, 17 de março de 2011

Barco à vela



Ventos e caravela
Leva-me ao grande mar
Ondas e um barco à vela
Emborca-me no raso.
Coração de ressaca
Embriaga-me ao nascer do sol
Cruzei o Atlântico
Afoguei-me em teus braços
Passei pelo círculo de fogo
Queimei em teu corpo.

Ventos e caravela
Tsunami que me devastou
Rezo a noite ascendo uma vela
Clamo misericórdia
Amar foi minha penitência
Meu castigo, rogo clemência
Destrua-me num redemoinho
Suga-me para teu interior
Leva-me ao fundo
À lama.

Ventos e caravela
Deito-me na morte
Agora choras e meu corpo vela
Vela que apagou
Vela que navegou
Que chorou parafina
Que derreteu-me os pecados
Que derrotou-me em grandes mares
Eu que naveguei à vela
Que velejei de dores
Eu que nadei pra vê-la
Que morri de amores.

          Jacques Manz

2 comentários:

Dan Carvalho disse...

Que literatura rica... Excelente. Você está entre os novos poetas, rico em sensibilidade.
Parabéns Jacques!! Texto lindo. Grande abraço

Jaques Manz disse...

oww Dan é uma honra...muito obrigado negão

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