sábado, 31 de julho de 2010

Professor Palhaço


Com todo respeito a uma das profissões mais admiráveis, do meu ponto de vista, peço licença aos palhaços para uma breve analogia.  Acredito que, em algum momento da história um grande equívoco se deu. A troca das nomenclaturas, do professor e do palhaço. Deveria o professor se chamar palhaço, ou o palhaço se chamar professor? Vejamos...
Grandes coisas podemos aprender com os palhaços. Como diz a canção, ‘a farsa do palhaço é natural’. Aprendemos que, mesmo cortados em mil pedaços por dentro, fazer o outro rir pode ser um remédio para a cura interior.
Mas, lamento informar que a profissão cujas gargalhadas são mais intensas está noutro picadeiro, na sala de aula! Lá está o professor, vítima das mais complexas atrocidades sociais. Hoje tem marmelada? Vamos ri dos palhaços. Opa, dos professores!
“O professor brasileiro tem o terceiro pior salário do mundo, só não é pior que o do Peru e o da Indonésia. Segundo estudos, um professor brasileiro em início de carreira recebe, em média, menos de US$ 5.000 por ano [risadas da platéia]. No México e na Argentina, um mesmo profissional, ganha o dobro [ohhh!! O que me consta são também países em desenvolvimento]. Em países desenvolvidos, o salto é ainda maior. Na Alemanha, por exemplo, chega a US$ 30 mil e em Portugal atinge US$ 50 mil.”  [a platéia vai à delíriooooooo]! Na Bahia um professor da rede municipal ganha por 20 horas de trabalho (sem contar o tempo gasto com elaboração e correção de prova e demais trabalhos) cerca de 600 reais.
EHHHH... viva!!! Hoje tem goiabada? E o professor o que é?
No Brasil? Não é nada! Ainda que propagandas em horarário nobre venham dizer que é a profissão mais importânte que existe, ou ainda, convidando a população a serem palhaços, a serem articuladores do desânimo, do cansaço, do descaso, da falta de perspectiva e da ausência de motivação.
Mas, o espetáculo não acaba por aí. Pois, a platéia que ri dos palhaços é bem diversa: alunos, pais, políticos etc.
          Os números que evidenciam a violência contra os professores também são alarmantes. E quem se importa? Se a “professorinha, tem um filho para criar? Ou se ideologicamente ela está ali para contribuir com o crescimento de alguém? Quem se importa com a morte do palhaço regente que divide o quadro e o pincel com a falta de segurança, estrutura física ou com as drogas que estão cada vez mais inflitradas no ambiente escolar? No Distrito Federal seis professores são vítimas, a cada semana, de violência cometida por alunos ou ex-alunos.
        Imagino a vida sem graça, na ausência dos palhaços, imagino a vida sem nexo na ausência dos professores. O que seria desse país se os palhaços da educação não estivessem nas salas de aula?

                                                                                                                   Jacques Manz

2 comentários:

Aline UVB disse...

Dura realidade! Vamos pra frente!!! Bom texto!

Manoel Neto disse...

Concordo com seu texto.

Vivi algo que me enquadrou na condição de palhaço, recentemente.

Se quiser ler, eis o link: http://extratodealma.blogspot.com/2011/04/quando-acabou-o-palhaco-fui-eu.html

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