terça-feira, 10 de agosto de 2010

MEDO


Ao olhar a imensidão do universo, admirado tive medo. Ao perceber o tempo passar, e, contemplar minha face enrugada no espelho, mais uma vez espantado o medo me sobreveio. Ao ouvir a sinfonia da orquestra de metralhadoras na favela, assustado eu tive medo. Ao ver a criança padecer com câncer eu tive muito medo. Ao deparar-me com o novo, inseguro tive medo. Quando o amor chegou a mim, impotente tive medo!
Oh medo!
Oh minha falta de fé!
Minha fraqueza vestida de segurança. Minhas incertezas transvertidas de maturidade!
Por conta dele, não percebi que as estrelas brilhavam, e que o sol nos alimentava diariamente de vida. Não percebi que com minhas rugas vieram à experiência e uma linda história para contar. Não fui capaz de ir as ruas gritar por paz. Não dei a palavra de ânimo e o carinho que a criança precisara. Não vivi o novo, e o novo era a não estagnação. Era o (re) começo de um ciclo.  Era a prova de que eu permanecia vivo. Por conta do medo não permitir viver o amor!
Lástimas, dores, lágrimas poderiam aparecer a qualquer momento. Mas, risos, carinhos, cuidados e uma linda história também estavam por chegar.
Quatro letras tomaram conta de mim, ficaram maiores que eu. Cegaram-me, deixaram-me engessado numa caixa de vidro e alimentava-me todas as manhãs com as lembranças, era o que tinha para comer.
O medo dizia-me todos os dias:
- Você precisa se proteger. Guardar suas emoções. Cuidado para não sofrer.
 E por isso, não sofri, mas, também nada vivi.
E o que é a vida senão a mistura de todas as emoções? A mistura da dor com o alívio, do choro com o riso, da força com a fraqueza, do sucesso e do fracasso, do amor e da desilusão, da chegada e da despedida, do começo e o fim!
Chega! Vai-te embora medo!
Do mesmo tamanho que você e muito mais forte é o AMOR.
E agora decido arriscar, me alimentar de cada sensação, e assim, viver. Viver a plenitude das cores, dos sons, dos sentidos. Viver cada segundo como se fosse o último pedaço de chocolate. Cada história como se a minha vida fosse uma antologia de contos e não apenas uma história linear, insossa e monótona.
“Vamos viver tudo que há para viver. Vamos nos permitir, pois não há tempo que volte amor”.

                                                                                                      Jacques Manz


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