domingo, 1 de agosto de 2010

Matando uma princesa


          Quão cruel e perverso fui. Era a princesa mais linda e mais encantadora. Uma palavra só não seria capaz de resumí-la. Adorava seu cheiro, sua voz meiga, o brilho dos seus olhos. Brilho este que se apagou numa fatídica situação.
         Hoje a solidão bateu em minha porta. Não me restou alternativa. Abrir-lhe a porta, precisava de companhia e ela foi minha sombra. A dita amargurou-me com um veneno mortal, doía-me o peito, secaram-me os lábios, meus pensamentos condenavam-me de tal forma que o sono passava e fazia lágrimas rolar em minha face.
         Trouxe consigo uma amiga, tão perversa quanto: a lembrança. Então me virava na cama, recordando os lindos momentos. Minha princesa, tão linda, era a melhor que eu poderia ter escolhido entre todas as que existiam. Em nenhum reino era possível encontrar um ser tão mágico.
         O que fiz contigo meu amor? Fui seduzido por algo tão passageiro, como pude me iludir assim? Como fui capaz de matar-te, fazer sangrar o coração mais puro e sensível que pude ter nas mãos.
Cada um tem o que merece minha princesa. Saiba que não demorou muito a me arrepender pelos pecados cometidos. Deixei você partir, e hoje a única que me entra pela porta é a solidão feliz em me torturar. Nunca mais fui feliz em outros braços, nenhum lábio tem o gosto do seu nenhum corpo é tão quente e tão aconchegante como o seu.
        Julguei-me esperto quando matei você. Pensei que o amor estivesse em todos os cantos. E este, eu nunca mais vi passar. Esconde de mim, como o diabo da cruz. Estás escondido dentro de você. E sei que jamais o terei. Passarei uma vida, conhecendo princesas, ficarei velho e meu dinheiro comprará todas as princesas que eu quiser, mas a única e verdadeira princesa da minha vida, aquela que carrega o amor mais sublime que conheci morreu no dia que trai você.
        O que me resta a dizer meu amor? Que desejo sua felicidade? Que estou aqui quando você precisar de mim? Que estou torcendo para que tudo em sua vida dê certo?
Ah, isso não! Qualquer canalha se comportaria assim. Eu quero ser o canalha menos canalha, e ainda quero me enganar, quero amenizar minha culpa. Quero ludibriar minha razão. Quero convencê-la de que não sou tão culpado pela minha infelicidade de hoje.
       Mas, sei que minhas escolhas sepultaram não só a ti, mas colocou-me trancado num caixão a sete chaves. Preso em mim, preso na minha perversidade, preso em minhas lembraças.
      Minha mente julga-se ainda esperta. E para sofrer menos quer acreditar que você morreu. Pior seria acreditar que vives feliz e amando a outro príncipe que não seja eu.

                                                                                                        Jacques Manz

1 comentários:

Diane disse...

Linda!!

Postar um comentário