quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Caos no cais

Caos da madrugada
Cais de navios naufragados
É sua ausência
É minha demência.
Caos nos portos
Cais de mortos
Amores afogados
Amantes alagados
É sua covardia
É minha melancolia.
Caolho sentimento
Por cá olho e lamento
É sua frieza
É minha destreza
Bagunça nas gavetas
Livros amontoados
Coração desordeiro
Olhos assustados
É sua indiferença
É minha crença
Caos nas gavetas
Cais de livros
Perdido em mim
Vivendo em tribos
A leitura me resgata
É sua voz pacata
É o nó de minha gravata.
É o nó na garganta.
Na madrugada a gaveta é meu porto
Nos livros navego morto
O caos e o cais se confrontam
Morto de sono
Porto de solidão
Navegando na madrugada
Esperando o clarão
Da manhã que é chegada
É sua desistência
É minha morada.

                                                          Jacques Manz



2 comentários:

Francisco disse...

Pra alguém que sabe tão bem como usar as palavras, você jamais estará sozinho!

Jaques Manz disse...

Obrigado Chico. Você sempre muito atencioso.

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